O desafio do crescimento da agricultura familiar através da merenda escolar
A publicação da lei que autoriza a criação de
convênios e contratos para aquisição de produtos agrícolas do pequeno produtor
rural, com destino a merenda escolar em Campos dos Goytacazes, representa um
passo importante para o fortalecimento do setor, porém o êxito não é
automático. Há de se considerar gargalos importantes, tais como: isolamento das
unidades produtivas, baixa capacidade de investimento, baixa diversificação de culturas, baixa produtividade, restrição
de oferta, dificuldade na gestão, baixo padrão de informação, forte dependência
à intermediação, etc. Soma-se a esse
conjunto de debilidades, um comportamento reativo de desconfiança em relação
aos pacotes informacionais "despejados de cima para baixo".
Trata-se de um substancial desafio que passa,
fundamentalmente, por uma reflexão sobre a estrutura organizacional do próprio
governo. A prática de individualização das funções (secretarias), dificulta o
processo de articulação e otimização dos recursos orçamentários, além de impor
dificuldades para a implementação de projetos relevantes.
No caso específico da "Merenda
Escolar", quatro pontos são essenciais: diagnóstico (oferta e demanda), planejamento,
governança e experimentação. A ocorrência de êxito exige uma visão sistêmica, já que
existe o Programa Federal, a demanda do
Governo Local, as organizações locais e o sistema produtivo. Deve-se intervir
no problema da desconfiança, através do uso de metodologias sociais, preparando
o ambiente para o exercício operacional com base no princípio da ação coletiva.
Um postulado fundamental é que, individualmente,
os produtores não conseguem atender os parâmetros exigidos pelas regras do
comércio, onde predomina a coordenação de mercado. A alternativa, neste caso,
seria a formulação de uma rede de proteção apoiada na governança, onde a
articulação entre os agentes e atores
interessados possa potencializar rendimentos crescentes no setor. O papel da
rede seria dotar o experimento dos recursos necessários, quais sejam, recursos materiais;
financeiros; tecnológicos; logísticos; gerenciais, etc., de forma a eliminar as
imperfeições impostas pelas regras de mercado e fortalecer os fundamentos facilitadores
de maior independência setorial, através do aumento do produto, da
produtividade, da renda e do emprego localmente.
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