Instituições, Comportamento e Modernização Local
Posso
afirmar que pelo menos há dez anos venho defendendo a alternativa de
qualificação do ambiente, como elemento essencial para o desenvolvimento local.
Na prática, qualificar o ambiente quer dizer induzir a mudanças no padrão de
comportamento dos indivíduos, através do fortalecimento das instituições (políticas,
econômicas e culturais). Efetivamente, a sociedade precisa se organizar em núcleos
de interesse (comercial, religioso, cultural, agropecuário, etc.), para ocupar
o seu devido lugar, ou seja, de subordinar as forças políticas, de maneira que
possa ocorrer um processo de alocação mais eficiente dos recursos em benefício
da população. O quadro atual é exatamente inverso, a sociedade é subordinada as
forças políticas, fato que tem possibilitado um conjunto de ações arbitrárias e
de pouca relevância socioeconômica, com reflexos no aprofundamento do quadro de
subdesenvolvimento em alguns territórios.
Observa-se
claramente que a prepotência do poder não reconhece práticas exitosas vividas
em períodos anteriores, confunde a sociedade, ignora a força do conhecimento e pratica
um discurso de valorização pessoal e corporativo, em detrimento do real
comprometimento em relação ao bem estar da população.
O
anuncio sobre a implantação de um projeto de piscicultura, feito pelo governo
de São João da barra, corrobora com esta tese. Propositalmente tentam apagar a
experiência do Projeto Capacitar, que concorreu ao edital do Programa Fome Zero
do Governo Federal em 2004, se beneficiando de recursos que possibilitaram a
construção de sua sede neste mesmo município, onde importantes conhecimentos
sobre a piscicultura de tilapia foram gerados, inclusive com publicações em congressos
e revistas especializadas.
As
retrógradas práticas que impõem descontinuidade de projetos importantes estão
vivas e interessam aos grupos que querem se perpetuar no poder. A estratégia de
apresentar velhas experiências como novas ações, considerando que a sociedade
tem memória curta e um alto padrão de dependência social, só alimentam o
subdesenvolvimento.
Quanto
ao projeto em planejamento, apesar de não ser especialista, mas por ter
vivenciado a experiência anterior, não tenho dúvidas quanto o fracasso do mesmo.
A geografia no município não é propícia, tecnicamente, para a construção de
tanques escavados e a alternativa seria o retorno ao projeto de tanques
cobertos em solo arenoso, cuja tecnologia social de organização é ponto crucial
do negócio e, me parece, desconhecida do grupo envolvido.
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