Análise da conjuntura e perspectivas: do global para o local

O quadro de distribuição da taxa de crescimento econômico no mundo confirma uma importante desaceleração da economia global, com algumas mudanças que merecem ser observadas. A recuperação econômica nos Estados Unidos é um fato relevante, já que a taxa de crescimento anual esperada é de 2,7% neste ano. Esse crescimento, entretanto, remete a preocupações relativas a valorização do dólar frente as outras moedas. Neste caso,  os países com dívidas em dólar e com certa dependência de importações, como conteúdo para a indústria local, apresentarão dificuldades no próximo ano. 

A economia da Europa segue com dificuldades e os resultados são bastante frágeis. A Alemanha, economia mais pujante da região, deverá crescer 1,2%, enquanto a França deverá crescer somente 0,4% neste ano, sem grandes variações para o ano seguinte.

Já os "BRICS" concentram preocupações nas economias do Brasil, que deverá ter uma taxa próxima de zero, ou mesmo recessão, e na Rússia, que deverá crescer 0,7%, ou mesmo, atingir um quadro de recessão. Os dois países dependem fortemente da exportação de petróleo bruto, cujo preço internacional perdeu forças, se desvalorizando em torno de 40% no último semestre deste ano. A Rússia ainda soma a queda de receitas no comércio exterior, o embargo econômico ocidental e elevados custos de guerra com os seus vizinhos. O contraponto é a China que, apesar da desaceleração, poderá crescer 7,3% neste ano, mantendo o apetite pelo minério de ferro do Brasil.

O bloco asiático apresenta um diferencial que evita um resultado pior da economia mundial. Soma-se ao crescimento da China, o vigor da Malásia com um crescimento esperado de 5,6%, a Índia com crescimento de 5,3% e Cingapura com crescimento de 2,8%. Contrariamente, o Japão ainda patina e a taxa deve ser negativa de (1,2%) em 2014.

Na avaliação específica da conjuntura brasileira, a expectativa é de preocupação em relação ao próximo ano. Os indicadores de 2014 não são nada animadores. A inflação na casa dos 6,4%, próximo ao teto da meta, apresenta uma tendência de alta para o ano que vem, já que os preços administrados de energia e combustível estão represados. Soma-se a isso a necessidade de recuperação dos tributos flexibilizados na política fiscal expansionista de 2012, onde o imposto sobre produtos industrializados (IPI), foi reduzido para as indústrias automotivas de bens duráveis, com a justificativa de manutenção do emprego no país.   

Consequentemente, o déficit orçamentário exigirá a recuperação de outros impostos para 2015, já que existe pouca margem para redução drástica na despesa, segundo a presente orientação política. Soma-se ainda a perspectiva de baixo crescimento econômico que avançará para o ano seguinte, já que o país sofre uma crise de confiança e perda de competitividade internacional, além dos reflexos do baixo crescimento mundial.


Esse quadro econômico nada favorável atingirá em cheio o Estado do Rio de Janeiro e os municípios produtores de petróleo. A cadeia do setor petrolífero representa 30% da economia fluminense e 60% dos investimentos esperados para o biênio 2014 - 2016. A crise da Petrobrás, em função das denúncias de corrupção, a forte desaceleração do investimento do setor para 2015, a queda do preço internacional do petróleo e a baixa produtividade dos outros setores industrias, traçam um cenário de fortes preocupações no curto e médio prazo. É o momento para repensar alternativas mais controláveis e com possibilidade de sustentar a geração e distribuição de riqueza endogenamente.

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