Fortalecimento do Setor Canavieiro no Norte Fluminense

Os municípios de Campos, Quissamã e São João da Barra estão se mobilizando para fortalecer o setor canavieiro na região. As ações divulgadas nos jornais repetem o velho receituário: vamos ofertar mudas de qualidade aos produtores e cursos de capacitação. Insistimos que ações isoladas como essas, não costumam apresentar resultados efetivos para a necessária transformação setorial. É importante construir um entendimento mais ampliado sobre o setor, de forma que as estratégias possam contemplar problemas de natureza diferente dos que são tratados correntemente. Já nos referimos aos problemas oriundos das dificuldades no contexto relacional. Temos visto que a integração de aspectos sociológicos, antropológicos e sociólogos a teoria econômica pura, tem possibilitado a evolução de modelos diferenciados do modelo único de acumulação de capital com coordenação de mercado.
Entretanto, ignorando tal avaliação, o município de São João da Barra apresenta, como alternativa de fortalecimento do setor, a cessão de mudas de qualidade para fomentar a renovação dos canaviais. Tal decisão ocorre no momento exato em que informações da CONAB (2009), indicam que a crise internacional afetou o fluxo das empresas que operam no setor, e que as mesmas tem optado por medidas de não renovar canaviais envelhecidos e reduzir tratos culturais, de maneira a alcançar um certo equilíbrio financeiro. Assim, queremos insistir que ações devem estar devidamente ajustadas a um planejamento que procure responder as seguintes indagações: Os produtores estão motivados para cultivar novas mudas de qualidade e desenvolver tratos culturais compatíveis? Considerando que 65% das propriedades no município tem menos de 10 hectares, esse projeto se viabiliza economicamente? Supondo que o produtor consiga cultivar novas plantas e aumente a sua produtividade, ele terá escala competitiva? Se não, qual seria o modelo de produção mais adequado para a região? E finalmente, como sensibilizar esse produtor a se integrar em uma outra estratégia de organização produtiva? O esforço para responder essas respostas deve substituir a prepotência de imposição de projetos de cima para baixo, cujo resultado tem sido o desperdício de recursos públicos e o aprofundamento da desconfiança entre os atores produtivos.

Comentários

  1. Muito bom, Alcimar!!!
    As postagens têm grande aplicabilidade para a comunidade acadêmica!!!

    Um abç,

    Giselle Barreto
    Mestranda em Políticas Sociais CCH/UENF

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  2. Obrigado Giselle, esse é o nosso papel. Abraços, Alcimar

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