um novo olhar sobre o setor sucroalcooleiro

Nos últimos dias o setor sucroalcooleiro voltou a ficar em evidencia na mídia regional. Motivo: a antiga preocupação sobre a trajetória de decadência setorial e a insistente reivindicação de ajuda governamental como panacéia para todos os problemas. Uma pergunta seria: é justo usar recursos públicos em uma atividade comprometida por todo tipo vícios, fruto da proteção histórica e do individualismo predatório, enquanto parcela da sociedade desprotegida está excluída do contexto de bem estar? Avaliando o percurso histórico a resposta é não, já que este setor se acomodou a praticas protecionistas e não deu a sua contrapartida. Informações atuais indicam que as unidades produtivas quebram todo tipo de contrato, geram desconfiança e contribui para o aprofundamento da pobreza. Os quatro mil processos trabalhistas em tramitação e a negação de outros direitos dos trabalhadores talvez ajudem a entender a questão.
Quanto a importância do setor, poderíamos dizer que qualquer investimento capitalista é importante para toda a sociedade, pois gera trabalho e salários para os trabalhadores e rendas diversas, como o próprio lucro do empresário. Enfim, todos os atores tem um papel que possibilita benefícios e também doação. Neste caso, será que não é o momento de trocar a reivindicação de apoio governamental por pactuação de interesses? Quero dizer que os interessados devem sentar a mesa com o espírito de se sacrificar pela recuperação do setor. Um novo diagnóstico deve ser buscado, onde os problemas no contexto da produção e da gestão possam se associar ao grave problema relacional que aprofundou em decorrência da exacerbada prática da “Lei do Gerson”. Neste caso, o poder público se constitui num parceiro e não no salvador da pátria, as empresas precisam garantir eficiência e respeito às regras estabelecidas, os sindicatos deve exercer o seu papel real e esquecer o corporativismo improdutivo, a universidade e os centros de pesquisa precisam ser mais pragmáticos e contribuir no processo de inovação do setor e, assim como os outros atores, devem se integrar a um desenho de rede com objetivos claros de natureza coletiva, já que individualmente afloram fragilidades que inviabilizam suas operações. A COAGRO, ainda em processo de construção, pode servir de exemplo para o inicio do entendimento de um novo modo de operação viável para este setor de atividades.

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