PIB: Contração maior até 2016



Jornal Folha da Manhã 






Simone Barreto 



Foto: Rodrigo Silveira 


A economia brasileira deverá ter uma contração maior do que o esperado anteriormente neste ano e em 2016. Esta é a previsão dos economistas, a partir dos dados coletados pelo Banco Central na semana passada por meio de pesquisa com mais de 100 bancos. O documento foi divulgado pela autoridade monetária na segunda-feira (24). 

Para a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a previsão do mercado financeiro recuou para 9,29% na semana passada, contra 9,32% na semana anterior. A previsão diminuiu pela primeira vez após 17 estimativas de alta. No boletim anterior, os economistas haviam previsto estabilidade. 

De acordo com o economista e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Alcimar das Chagas Ribeiro, esta retração é o resultado de um combinado de ações e infelizmente a previsão é que demore um pouco para que o mercado financeiro se estabilize. 

— Temos o resultado de duas situações distintas que levam a esses números. A primeira é a crise política. O governo fez projeções de controle de receita e gastos, porém as projeções não se confirmaram devido à crise política e a má vontade do Congresso Nacional em aprovar as medidas do governo. O consumo das famílias tem sofrido bastante por conta da redução dos empregos e o poder de compra e a confiança política despencaram. Outra realidade é a externa. O quadro internacional não é satisfatório. O Brasil depende da força de consumo da China, que por sua vez, tem perdido força comercial e reduzido o volume de exportação com o Brasil. A Bolsa de Valores chinesa vem despencando, o que não nos ajuda muito — explica o economista. 

Para o comportamento da economia neste ano, os analistas passaram a estimar, na semana passada, uma retração de 2,06%. Foi a sexta queda seguida deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um recuo de 2,01% para o PIB de 2015. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%. 

Expectativa é que quadro mude ano que vem. 

Para 2016, os economistas passaram a prever uma contração de 0,24% no Produto Interno Bruto do país. Na semana anterior, haviam estimado uma retração de 0,15% para a economia no próximo ano. Para se ter uma ideia, no início deste ano, a previsão dos economistas era de uma expansão de 1,8% para a economia brasileira no ano que vem. Para 2016, a expectativa de inflação do mercado subiu de 5,44% para 5,50% na última semana. Foi a terceira alta consecutiva da previsão do mercado financeiro para o IPCA do ano que vem. 

O economista Alcimar explica que estamos tendo a real situação da crise neste momento e a tendência é que a contração na economia permaneça um pouco mais. “Se tudo correr bem e se a crise política se estabilizar, acredito que a situação econômica leve de 1 ano e meio até dois anos para se estabilizar”, previu o economista. 


Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE. 


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