Erro do IBGE muda o indice de Gini em 2013
IBGE afirma que errou e corrige dados sobre desigualdade no país
PEDRO SOARES
DO RIO
DO RIO
19/09/2014 18h51 -
Atualizado às 19h10
O IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) informou nesta sexta-feira (19) que a Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada ontem, continha erros. O
problema teria ocorrido porque o peso das regiões metropolitanas foi
superestimado em alguns Estados.
Segundo o instituto, erros no cálculo
da pesquisa alteraram o índice de Gini, medida da desigualdade. O Gini do
trabalho, que mensura exclusivamente a distribuição dos rendimentos do
trabalho, passou de 0,496 em 2012 para 0,495 no ano passado, o que para o
instituto indica uma estagnação.
Também mudou a estimativa do rendimento
médio do trabalhador, que passou de uma expansão de 5,7%, divulgada na
quinta-feira, para uma alta menor, de 3,8%.
A renda foi reestimada de R$ 1.681 para
R$ 1.651.
Outra mudança importante ocorreu na
taxa de analfabetismo de 2013, que foi corrigida de 8,3% para 8,5%, pouco
abaixo dos 8,7% de 2012.
A expansão do número de pessoas
ocupadas também sofreu mudanças. Na quinta, foi divulgado um índice de 7,2%,
corrigido para 6,3% nesta sexta.
O MOTIVO
De acordo com o IBGE, os problemas nos
dados da Pnad ocorreram porque a Coordenação de População enviou projeções
incorretas de sete Estados em que há mais de uma região metropolitana. É o caso
de Ceará, Pernambuco, São Paulo, Paraná, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do
Sul.
A Pnad divulga resultados para cada
unidade federativa e para nove regiões metropolitanas (Belém, Fortaleza,
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto
Alegre).
Nos Estados dessas nove regiões
metropolitanas, a calibração dos dados é feita considerando a projeção de
população para a região metropolitana da capital e para o restante do Estado,
separadamente.
No sete Estados afetados pelo erro
existem outras regiões metropolitanas, além das localizadas nas capitais.
De acordo com o IBGE, no processo de
expansão da amostra da Pnad foi utilizada, equivocadamente, a projeção de
população de todas as áreas metropolitanas em vez da projeção da população da
região metropolitana na qual está inserida a capital.
Segundo Cimar Azeredo Pereira,
coordenador do IBGE, a renda das regiões metropolitanas é maior e o peso delas
foi superestimado nesses sete Estados. Desse modo, as maiores mudanças
ocorreram na renda e no índice de Gini.
INTERFERÊNCIA
O diretor de pesquisas do instituto,
Roberto Olinto, disse que não há interferência política na alteração dos
resultados.
"A questão se resume a um erro
técnico. Não houve a menor pressão nem interferência."
Para a presidente do IBGE, Wasmália
Bivar, apesar do erro, a análise dos dados não mudou. "A notícia não
mudou. O Gini [medida da desigualdade] segue constante, estável."
A greve, segundo Olindo, não afetou o
trabalho da Pnad nem a coleta dos dados, encerrada no começo deste ano.
Ele afirma que o erro foi identificado
a partir de contatos de usuários da pesquisa, como consultorias e órgãos de
governo. Entre eles, estão o Ipea e Ministério de Desenvolvimento Social.
Para Bivar, se for identificado que
algum ato foi intencional, haverá punição. "Precisamos avaliar o que
ocorreu.
"A mudança do índice de Gini no País, "de aumento para estabilização" não altera a nossa discussão anterior, a não ser pela substituição da afirmativa "piora a desigualdade no país", por "estabilidade do nível de desigualdade em 2013".
"A mudança do índice de Gini no País, "de aumento para estabilização" não altera a nossa discussão anterior, a não ser pela substituição da afirmativa "piora a desigualdade no país", por "estabilidade do nível de desigualdade em 2013".
Comentários
Postar um comentário