Açu muda a vida no norte do estado
Jornal O Dia
Chegada do porto provoca explosão dos aluguéis e movimenta a economia de São João da Barra
Rio - O Porto do Açu não trouxe apenas polêmicas ambientais, como a que O DIA mostrou ontem, com o avanço do mar sobre a área costeira, que já atingiu ruas próximas à praia. A chegada do megaempreendimento de Eike Batista, hoje nas mãos da Prumo Logística, gerou mais emprego e desenvolvimento em São João da Barra, no Norte Fluminense, mas, em contrapartida, também fortes impactos sócio-econômicos.
GALERIA: Veja fotos do Porto do Açu, em São João da Barra
O custo de vida na pequena cidade de pouco mais de 32 mil habitantes subiu, elevando, principalmente, o preço dos aluguéis. “Terrenos que custavam R$ 2 mil hoje em dia valem de R$ 40 mil a R$ 50 mil”, avalia o prefeito José Amaro de Souza, o Neco (PMDB).
O pescador Fábio Ricardo, 37, reclama da restrição da área para a pesca, após a construção do porto. “Não posso mais pescar no Açu porque os navios passam e cortam as nossas redes. Perdi umas 32. Tive mais de R$ 15 mil de prejuízo. Agora só posso pescar em Atafona, mas, por causa do porto, o rio desceu mais de dois metros”, lamentou.
Investimentos na hotelaria
Sem nenhum hotel na cidade, a opção são as pequenas pousadas. De olho no movimento de trabalhadores vindos de fora da região e nos benefícios que a criação do porto poderia gerar, Mayra Alaluna, 24, saiu há dois anos, junto com seu marido, Hafiz Sayegh, 28, da cidade de Carmo, no Centro-Fluminense, para montar sua pousada. “Compramos uma casa de quatro quartos e transformamos em seis suítes. Mas é pouca coisa. Muitos trabalhadores queriam vir para cá, mas não tínhamos mais espaço. Agora, estamos reformando para aumentar para 10”, explicou.
O espanhol Henrique Neto, 50, trabalha na empresa de logística Fomento de Construcciones Y Contratas (FCC) que está instalada no Porto do Açu. Morador da região da Galícia, ele se hospeda 90 dias na Pousada Mediterrâneo, em Atafona, e volta para sua cidade natal, onde fica um mês. “Trabalho há um ano aqui e estou maravilhado. Sou marinheiro, já viajei pelo mundo todo e aqui é muito belo. Estou gostando muito e espero continuar mais uns dois anos.”
Zona industrial atrai 10 empresas
Para receber novos empreendimentos, especialmente os ligados aos setores de petróleo e logística, o município criou a Zona Industrial do Porto do Açu (Zipa). Com 1.924 hectares — correspondente a quase dois mil campos de futebol —, a área está recebendo 10 empresas.
Para atrair os investimentos, o município usa como base de cálculo para os impostos a alíquota mínima. De acordo com o secretário de Fazenda Edson Claudio Machado, o IPTU é calculado em 0,5% e o ISS, 2%. “Ainda estamos estudando o que isso vai causar nos cofres da prefeitura, já que a nossa fonte de renda principal é o ISS”, disse o secretário de Planejamento Sidney dos Santos.
GALERIA: Veja fotos do Porto do Açu, em São João da Barra
O custo de vida na pequena cidade de pouco mais de 32 mil habitantes subiu, elevando, principalmente, o preço dos aluguéis. “Terrenos que custavam R$ 2 mil hoje em dia valem de R$ 40 mil a R$ 50 mil”, avalia o prefeito José Amaro de Souza, o Neco (PMDB).
No entanto, ele prefere ver essa valorização por outro aspecto. “Os moradores podem ganhar mais dinheiro com os aluguéis dos imóveis. Além disso, a especulação imobiliária ajudou os habitantes daqui”, ressaltou. José Valnei, de 57 anos, dono do Quiosque do Bigode, que fica no polo gastronômico do distrito de Grussaí, confirma. “Conheço vários moradores que alugavam seus imóveis por R$ 4 mil no verão inteiro e agora cobram o mesmo valor por apenas um mês.”
Os valores são inflados pela procura de empresas que alugam imóveis para trabalhadores do porto. É o caso da mineira Mavind Indústria Mecânica Ltda. O técnico mecânico Sidnei Alves, 35, está com mais cinco pessoas em uma residência, em Grussaí. “Moro em Belo Horizonte e desde março estou na cidade. Vou ficar mais um mês e meio aqui”, disse. Já seu colega de trabalho, Antônio Eustáquio, 66, está hospedado no Hotel do Sesc. “Os 90 empregados da Mavind estão em casas alugadas ou no Sesc. Nossa empresa fez essa escolha”, comentou.
O economista e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Alcimar Chagas, diz que a criação do porto não trouxe as benesses que poderiam gerar. “A geração de riqueza oriunda do ciclo portuário não garante a inserção da população nesse contexto. Em uma região pobre, que recebe muita gente rica e importante, os preços sobem. Aí, começa um processo de favelização e violência”, alertou.O pescador Fábio Ricardo, 37, reclama da restrição da área para a pesca, após a construção do porto. “Não posso mais pescar no Açu porque os navios passam e cortam as nossas redes. Perdi umas 32. Tive mais de R$ 15 mil de prejuízo. Agora só posso pescar em Atafona, mas, por causa do porto, o rio desceu mais de dois metros”, lamentou.
Investimentos na hotelaria
Sem nenhum hotel na cidade, a opção são as pequenas pousadas. De olho no movimento de trabalhadores vindos de fora da região e nos benefícios que a criação do porto poderia gerar, Mayra Alaluna, 24, saiu há dois anos, junto com seu marido, Hafiz Sayegh, 28, da cidade de Carmo, no Centro-Fluminense, para montar sua pousada. “Compramos uma casa de quatro quartos e transformamos em seis suítes. Mas é pouca coisa. Muitos trabalhadores queriam vir para cá, mas não tínhamos mais espaço. Agora, estamos reformando para aumentar para 10”, explicou.
O espanhol Henrique Neto, 50, trabalha na empresa de logística Fomento de Construcciones Y Contratas (FCC) que está instalada no Porto do Açu. Morador da região da Galícia, ele se hospeda 90 dias na Pousada Mediterrâneo, em Atafona, e volta para sua cidade natal, onde fica um mês. “Trabalho há um ano aqui e estou maravilhado. Sou marinheiro, já viajei pelo mundo todo e aqui é muito belo. Estou gostando muito e espero continuar mais uns dois anos.”
Zona industrial atrai 10 empresas
Para receber novos empreendimentos, especialmente os ligados aos setores de petróleo e logística, o município criou a Zona Industrial do Porto do Açu (Zipa). Com 1.924 hectares — correspondente a quase dois mil campos de futebol —, a área está recebendo 10 empresas.
Para atrair os investimentos, o município usa como base de cálculo para os impostos a alíquota mínima. De acordo com o secretário de Fazenda Edson Claudio Machado, o IPTU é calculado em 0,5% e o ISS, 2%. “Ainda estamos estudando o que isso vai causar nos cofres da prefeitura, já que a nossa fonte de renda principal é o ISS”, disse o secretário de Planejamento Sidney dos Santos.
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