Esse projeto visa apoiar, através de análises econômicas conjunturais, o processo de gestão das organizações governamentais e não governamentais oriundas dos municípios que compõem a região norte fluminense.
Açu muda a vida no norte do estado
Gerar link
Facebook
X
Pinterest
E-mail
Outros aplicativos
Jornal O Dia
Chegada do porto provoca explosão dos aluguéis e movimenta a economia de São João da Barra
EDUARDO OLIVEIRA
Rio - O Porto do Açu não trouxe apenas polêmicas ambientais, como a que O DIA mostrou ontem, com o avanço do mar sobre a área costeira, que já atingiu ruas próximas à praia. A chegada do megaempreendimento de Eike Batista, hoje nas mãos da Prumo Logística, gerou mais emprego e desenvolvimento em São João da Barra, no Norte Fluminense, mas, em contrapartida, também fortes impactos sócio-econômicos. GALERIA: Veja fotos do Porto do Açu, em São João da Barra
O custo de vida na pequena cidade de pouco mais de 32 mil habitantes subiu, elevando, principalmente, o preço dos aluguéis. “Terrenos que custavam R$ 2 mil hoje em dia valem de R$ 40 mil a R$ 50 mil”, avalia o prefeito José Amaro de Souza, o Neco (PMDB).
No entanto, ele prefere ver essa valorização por outro aspecto. “Os moradores podem ganhar mais dinheiro com os aluguéis dos imóveis. Além disso, a especulação imobiliária ajudou os habitantes daqui”, ressaltou. José Valnei, de 57 anos, dono do Quiosque do Bigode, que fica no polo gastronômico do distrito de Grussaí, confirma. “Conheço vários moradores que alugavam seus imóveis por R$ 4 mil no verão inteiro e agora cobram o mesmo valor por apenas um mês.”
De olho na chegada de trabalhadores, Mayra Alaluna, que veio da cidade de Carmo, vai expandir sua pousada
Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Os valores são inflados pela procura de empresas que alugam imóveis para trabalhadores do porto. É o caso da mineira Mavind Indústria Mecânica Ltda. O técnico mecânico Sidnei Alves, 35, está com mais cinco pessoas em uma residência, em Grussaí. “Moro em Belo Horizonte e desde março estou na cidade. Vou ficar mais um mês e meio aqui”, disse. Já seu colega de trabalho, Antônio Eustáquio, 66, está hospedado no Hotel do Sesc. “Os 90 empregados da Mavind estão em casas alugadas ou no Sesc. Nossa empresa fez essa escolha”, comentou.
O economista e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Alcimar Chagas, diz que a criação do porto não trouxe as benesses que poderiam gerar. “A geração de riqueza oriunda do ciclo portuário não garante a inserção da população nesse contexto. Em uma região pobre, que recebe muita gente rica e importante, os preços sobem. Aí, começa um processo de favelização e violência”, alertou.
O pescador Fábio Ricardo, 37, reclama da restrição da área para a pesca, após a construção do porto. “Não posso mais pescar no Açu porque os navios passam e cortam as nossas redes. Perdi umas 32. Tive mais de R$ 15 mil de prejuízo. Agora só posso pescar em Atafona, mas, por causa do porto, o rio desceu mais de dois metros”, lamentou. Investimentos na hotelaria
Sem nenhum hotel na cidade, a opção são as pequenas pousadas. De olho no movimento de trabalhadores vindos de fora da região e nos benefícios que a criação do porto poderia gerar, Mayra Alaluna, 24, saiu há dois anos, junto com seu marido, Hafiz Sayegh, 28, da cidade de Carmo, no Centro-Fluminense, para montar sua pousada. “Compramos uma casa de quatro quartos e transformamos em seis suítes. Mas é pouca coisa. Muitos trabalhadores queriam vir para cá, mas não tínhamos mais espaço. Agora, estamos reformando para aumentar para 10”, explicou.
O espanhol Henrique Neto, 50, trabalha na empresa de logística Fomento de Construcciones Y Contratas (FCC) que está instalada no Porto do Açu. Morador da região da Galícia, ele se hospeda 90 dias na Pousada Mediterrâneo, em Atafona, e volta para sua cidade natal, onde fica um mês. “Trabalho há um ano aqui e estou maravilhado. Sou marinheiro, já viajei pelo mundo todo e aqui é muito belo. Estou gostando muito e espero continuar mais uns dois anos.” Zona industrial atrai 10 empresas
Para receber novos empreendimentos, especialmente os ligados aos setores de petróleo e logística, o município criou a Zona Industrial do Porto do Açu (Zipa). Com 1.924 hectares — correspondente a quase dois mil campos de futebol —, a área está recebendo 10 empresas.
Para atrair os investimentos, o município usa como base de cálculo para os impostos a alíquota mínima. De acordo com o secretário de Fazenda Edson Claudio Machado, o IPTU é calculado em 0,5% e o ISS, 2%. “Ainda estamos estudando o que isso vai causar nos cofres da prefeitura, já que a nossa fonte de renda principal é o ISS”, disse o secretário de Planejamento Sidney dos Santos.
A riqueza gerada pela cadeia produtiva de petróleo no Rio de Janeiro apresenta uma natureza especifica, onde a população emerge como perdedora de fato. O resultado das atividades Upstream (exploração e produção de óleo) e Downstream (atividades de transporte, refino, distribuição e comercialização) é o PIB setorial conceituado como a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no ano. Este valor é a base para o investimento e os gastos no estado e nos municípios, especialmente, os enquadrados como produtores de petróleo. O que realça nesta questão são os orçamentos públicos potencializados pelas rendas petrolíferas, onde os munícipios produtores ampliam a sua estrutura de gastos em custeio, ignorando o investimento por conta da fragilidade técnica em seus quadros. Ignoram ainda, a natureza finita das mesmas rendas. Contudo, o que não é tão claro aos olhos dos gestores é que na formação da cadeia produtiva do petróleo, em torno de 70% do fornecimento (equipamentos e ser...
O acompanhamento da evolução do ensino, sobretudo, o fundamental é crucial para apoiar a formação de politicas públicas voltadas para o desenvolvimento educacional. Os gestores municipais precisam estar atentos a este processo, até porque, em ambientes com predominância de desigualdade social, como nos espaços periféricos, me parece não ter outra saída. Entretanto nos principais municípios da região Norte Fluminense (Campos, Macaé e São João da Barra), beneficiários de rendas petrolíferas, além de tributos relativos ao porto do Açu, no caso de São João da Barra, esta preocupação parece não ter a devida prioridade. O índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede o desempenho escolar, coloca esses munícipios em condição dramática. Uma primeira observação é de que as notas de avaliação dos anos finais do ensino fundamental diminuem, quando comparadas as notas dos anos iniciais. Uma segunda observação é que este mesmo grupo está em preparação para ingressar no ensin...
A região Norte Fluminense gerou 955 novas vagas de emprego formal em agosto, com crescimento de 29,4% em relação ao mês anterior. Macaé liderou o processo com a criação de1.010 vagas, seguido por Campos dos Goytacazes com geração de 246 vagas no mês. O destaque negativo ficou com São João da Barra que liquidou 313 vagas no mesmo mês. No acumulado de janeiro a agosto, a região gerou 9.755 vagas concentradas em 54,54% em Macaé e 48,08% em Campos dos Goytacazes. Setorialmente, considerando os principais municípios da região, foram geradas 5.736 vagas no setor de serviços, 2.486 vagas na indústria de transformação, 1.413 vagas na agropecuária e 438 vagas no comércio. O setor de construção civil eliminou 576 vagas no acumulado do ano. O estado do Rio de Janeiro gerou 119.794 no período de janeiro a agosto, enquanto o país gerou 1.726.489 vagas no acumulado do ano.
Comentários
Postar um comentário