A deterioração da economia brasileira no governo Dilma
A
campanha da candidata Dilma Rousseff desinforma a população quando compara os
indicadores econômicos do governo PT com o governo do PSDB. Não é possível fazer
essa comparação sem levar em consideração a conjuntura em cada momento. A
análise do governo PSDB (1995-2002), exige um retorno á história, resgatando a
conjuntura da década de oitenta. Para os analistas, uma década perdida, onde a hiperinflação e os
juros na estratosfera desorganizou, substancialmente, a economia do país.
Diversos planos tentaram, sem êxito, eliminar a inflação que à época empobrecia
a população e inviabilizava a produção. O país convivia com altas taxas de desemprego,
baixo padrão de renda do trabalho e um forte aprofundamento da pobreza.
A luta
contra a hiperinflação entrou pela década de noventa, gerando a renúncia do
presidente Collor de Mello em 1992, quando assumiu o presidente Itamar Franco,
no final do mesmo ano. Nomeado ministro da fazenda, o sociólogo Fernando
Henrique Cardoso passou a comandar uma tropa de excelentes economistas, dentre
eles, André Lara Resende e Pérsio Arida, conseguindo, finalmente, estabilizar a
economia com o Plano Real em 1994. Com alta popularidade pelo feito, Fernando
Henrique foi eleito presidente e governou o país por dois mandatos. Nos dois
mandatos seguinte, Lula pôde conduzir um país estruturado e sem as mazelas tão
profundas do período anterior. Tanto é verdadeira essa afirmativa que o próprio
Lula tratou de manter as bases da estabilização econômica criadas pelo governo
do PSDB, mesmo sendo censurado em alguns momentos por seus pares.
Se a
comparação entre os governos Fernando Henrique Cardoso e Lula não é tão
simples, em função das diferentes conjunturas, a comparação do último mandato
de Lula com o mandato da Dilma é possível e aconselhável, de forma a constatar
como o país se fragilizou nestes últimos quatro anos.
Olhando
a evolução do PIB (riqueza gerada pelo país); do comércio exterior (inserção
externa do país); da formação bruta do capital fixo (investimento agregado) e a
escalada da Inflação (corrosão do poder de compra da população), não ficam dúvidas
sobre o processo de decadência econômica do país no governo Dilma, nesses
quatro anos.
Observe
que no período 2007-2010, Lula governava o país, quando explodiu a crise
financeira nos Estados Unidos, no final de 2008. Neste ano o PIB cresceu 5,2%
contra 6,1% no ano anterior. A crise afetou fortemente o país, gerando uma
queda de 0,3% em 2009, apesar do governo considera-la como uma marolinha. De
fato, pode-se verificar uma forte recuperação do PIB, que cresceu a taxa de
7,5% em 2010, último ano de Lula.
No
período seguinte, sob o comando da presidenta Dilma, claramente, o quadro é
desalentador. Já em 2011 observa-se uma forte desaceleração do PIB, com o
crescimento de 2,7%. Em 2012, ocorreu uma nova desaceleração com crescimento de
1%, seguido por uma pequena recuperação, onde foi contabilizado um crescimento
de 2,3% em 2013, voltando a desacelerar mais fortemente em 2014, onde o
crescimento no período de janeiro a junho bateu 0,5%.
Um
segundo indicador de tamanha importância é o comércio exterior. No gráfico
observa-se uma trajetória de forte queda do saldo da balança comercial
(exportação menos importação). No governo Lula, apesar da desaceleração, o país
acumulou um saldo de U$$ 110,3 bilhões, enquanto no período seguindo da presidente
Dilma, o saldo acumulado foi de US$ 52,5 bilhões, ou seja, queda de 52,4% em relação imediatamente anterior.
O
gráfico apresenta as taxas de investimento para os dois períodos. Observe que
no período Lula (2007-2010), a média de investimento no país atingiu 18,5%,
mesmo com o advento da crise americana, enquanto no governo Dilma (2011-2014
até setembro), a média chegou 18,1%, porém a tendência de desaceleração é
evidente.
A
inflação média anual no governo Lula atingiu 5,15%, enquanto no governo Dilma a
taxa atingiu 5,71%, faltando considerar o último trimestre do ano. A expectativa
é de que a inflação deste ano passe o teto da meta que é de 6,5%, com forte
risco da indexação de preços, que alimenta a espiral inflacionária.
Importante
observar que esse processo de deterioração econômica, ocorre em um ambiente de diversos
incentivos a atividade industrial, com a eliminação e redução da tributação, políticas
de transferência de renda e flexibilização de encargos sociais sobre folha de
pagamento.
Conclusivamente,
pode-se afirmar que está instalado na economia brasileira um quadro de
resultados que são muito contraditórios, ou seja, ocorrem incentivos diversos
ao setor produtivo, mas o crescimento da riqueza é pífia. Por outro lado, o
aumento das taxas de juros e mecanismos similares não freiam a escala
inflacionária. Como resultado, a receita orçamentária do governo se fragiliza e
o equilíbrio da balança de pagamentos fica comprometido, além do comprometimento do
futuro do próprio país. Esses argumentos justificam a busca de alternativas!
Eu só não concordo muito com a paternidade de FHC em relação ao Plano Real, apesar de saber que o senso comum absorveu isso...
ResponderExcluirOutro ponto que se deve observar é que os efeitos da crise parecem persistir, atingindo recentemente, até mesmo a Alemanha... Não creio que seja o governo ou suas ações o principal "culpado", se é que se pode culpar alguém, a conjuntura mundial é ameaçadora para um gama enorme de países e o Brasil não é diferente. Até mesmo o preço das commodities, que houve um momento, manteve os valores da balança comercial, sinalizam queda.
Enfim, não excluo o sucesso do Plano Real na luta contra a hiperinflação. Essa foi a grande marca do Governo Itamar..., que depois de sucessivos planos, aprenderam e conseguiram encontrar uma forma de controlar o dragão.
No entanto, a conjuntura mundial hoje é outra e países que estavam em situações de maior pobreza, digo na América Latina, como Equador, Bolívia e Colômbia, têm dado sinais de crescimento, mesmo que tímido. Por quê?