O retrato da agricultura familiar em São João da Barra

O olhar sobre a atividade agrícola de São João da Barra, no período de 2006 a 2011, indica um declínio da área colhida de 28,51% na lavoura temporária em 2011, com base em 2006. O cultivo de cana-de-açúcar foi o grande responsável com uma queda de 33,35% no mesmo período. Há de observar que em 2006 a área de cana representava 95,14% da área total, caindo para 88,71% em 2011. A área colhida do abacaxi, por sua vez, apresentou um crescimento de 216,46%.
A análise da quantidade produzida, apresenta um crescimento de 174,26% no volume colhido de abacaxi e uma queda de 15,58% no volume de cana-de-açúcar. 
O valor monetário da produção, entretanto, apresenta um forte crescimento de 228,42% em 2011, com base em 2006, puxado pelo abacaxi que cresceu 832,49% e pela cana-de-açúcar que cresceu 60,82%. Observa-se claramente uma substancial melhoria dos preços praticados no mercado.
 Na atividade de lavoura permanente, observa-se um crescimento da área colhida de 23,02% no mesmo período, puxado pelas culturas do coco-da-baia com um crescimento de 80% e da goiaba com um crescimento de 42,86%. A avaliação da quantidade produzida, apresenta o coco-da-baia com um forte crescimento de 386% e da goiaba com um crescimento de 71,43%. O valor da produção apresenta um crescimento de 166,52% no período analisado, com a importante participação do coco-da-baia com um crescimento de 872% e da goiaba com um crescimento de 95,80%. Essas culturas permanentes, apresentam uma forte especialização, apesar de sua forte valorização de mercado.
O quadro apresentado, entretanto, pode não se repetir no médio prazo. O cultivo do coco-da-baia e da goiaba está concentrado na sede do município, longe do conflito gerado pelo processo de desapropriação de terras, por conta do projeto porto do Açu. Porém, o problema da infestação do nematóide pode comprometer a evolução do cultivo da goiaba.
Já o cultivo do abacaxi, responsável pela maior receita agrícola e o maior dinamismo nesse período, está concentrado no quinto distrito e se situa no centro dos problemas, de desapropriação de terras e do recente processo de salinização do solo daquela região, por conta do bombeamento de grandes quantidades de areia do mar e seu depósito na terra, providenciado pelo empreeendedor. Neste caso, o lençol freático e os canais inviabilizados decretarão a morte da atividade agrícola naquele território.
Paradoxalmente, ao invés de programas compensatórios para proteger a agricultura familiar, em decorrência dos impactos do projeto do porto do Açu, a atividade será dizimada pelos impactos negativos do mesmo projeto. Será que a modernidade tem que seguir esse caminho?

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