Grande enchente em Santo Antônio de Pádua-RJ
por Ramon Mulin¹
As enchentes em Pádua são comuns, todavia, algumas
catástrofes por aqui ficam apenas na poeira dos antigos veículos midiáticos. As
mais "famosas" enchentes são as de 1979, por ter atingido a Ponte
Raul Veiga, e a de 2008, por ser a maior e mais catastrófica enchente da
história do município.
Esquecida pelos paduanos mais experientes, a
enchente do início do ano de 1961 causou muitas perdas e paralisou
completamente nossa cidade. Muitos moradores perderam tudo o que tinham. O ano
novo não foi tão generoso por nossas bandas, pois a fome foi a pior inimiga.
A estrada Rio-Bahia e os acessos para outras
regiões do Rio, como a estrada para o antigo Estado da Guanabara, ficaram
fechados por conta do ímpeto das águas. As ferrovias da região também estavam
inutilizadas, levando a população paduana atingida pelas águas a utilizarem os
vagões dos trens parados como abrigo provisório.
Por conta dos transtornos, cessou-se o fornecimento
de laticínios para o Estado da Guanabara - Santo Antônio de Pádua era seu
principal fornecedor de leite na época. A comunicação também ficou prejudicada.
Esse evento trouxe à nossa cidade o emissário de
governo, Dr. Joaquim Maia Brandão, a fim de verificar pessoalmente as
consequências da enchente. O emissário mantinha a comunicação com o governador
do estado, Roberto da Silveira, que estava em um leito de hospital em
decorrência de uma queda de helicóptero em Petrópolis (o governador veio a
falecer oito dias após o acidente, no dia 28 de fevereiro).
Segundo jornais da época, o prefeito Badih
Chicralla tirou de seu próprio bolso 150 mil cruzeiros para atender a demanda
de famintos do município. O governo do estado também solicitou ao Banco do
Brasil o crédito de 50 milhões de cruzeiros para minimizar os transtornos e
tomar as medidas cabíveis ao evento.
¹ Historiador e Professor de História.
Foto 1: Prefeito Badih Chicralla e emissário de
governo Dr. Brandão examinam aspectos da destruição.
Foto 2: Ponte Raul Veiga durante a enchente.
Foto 3: Desabrigados entrando na estação
ferroviária que dava acesso aos vagões de trens que se tornaram abrigos
provisórios.
Foto 4: População se utiliza de barcos para acessar
seus imóveis.
Fotos: Hélio Passos, Geraldo Viola e José Nacif.
Mulin
Professor de História
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